Maria João Avillez e Fátima Campos Ferreira são “duas senadoras”, ambas jornalistas e autoras publicaram em 2024 livros que “nos revelam momentos da história contemporânea de Portugal, onde os desafios e os protagonistas políticas foram determinantes para melhorar a nossa predestinação”, diz, ao Estado com Arte Magazine, David Lopes, gestor e dinamizador cultural da associação Lar Doce Ler.
Na visão de David Lopes as duas jornalistas testemunharam “momentos únicos da construção da nossa democracia revelando-nos personalidades que confirmam que hoje estamos a viver um momento de retrocesso relacional, com implicações terríveis no desenvolvimento do país.”
Maria João Avillez publicou o livro de memórias “Eu Estive Lá- 50 Anos de Democracia em conversas”, da editora D. Quixote (2024). Sobre a obra a autora diz que “foram cinquenta anos onde me apeei em dezasseis estações, numa viagem preparada no Verão de 2023, iniciada nesse Outono e acabada em Abril de 2024.”
“Doi “isto” e foi “assim”? Eu estive lá: sei que estas histórias foram bem contadas, com a vertigem dos factos revista hoje com a serenidade da distância. Homenageando a memória e o poder que ela tem. Mas se este livro pode ser importante para muitos leitores que também estiveram “lá”, será sobretudo importante para os que não tendo estado, precisam de saber como foi,” sublinha a autora.
Marcelo Rebelo de Sousa, Jaime Gama, Rui Ramos, António Barreto António Capucho Sá Carneiro, António Vitorino, Leonor Beleza, Aníbal Cavaco Silva são alguns dos testemunhos sobre a constituição da Democracia com a revolução do 25 de abril.
Maria João Avillez iniciou a sua atividade profissional aos 17 anos, na RTP, e desde então não parou de fazer jornalismo: na televisão, nos jornais e na rádio.
Foi redatora principal do Expresso e trabalhou em diversos meios de comunicação social – Diário de Notícias, Sábado, TSF, Rádio Renascença, SIC Notícias, TVI, RTP.
Entre 1987 e 1989, trabalhou como assessora no gabinete do então ministro da Educação, Roberto Carneiro. Atualmente escreve no Observador, é comentadora política na SIC notícias, colabora ainda com o Público e o Expresso. Tem onze livros publicados.
Fátima Campos Ferreira publicou a obra “Ramalho Eanes – Palavra que conta” da Porto Editora (2024), um livro histórico sobre a vida de um homem que marca um período pós- revolucionário em que a democracia em Portugal esteve em perigo. Um livro para perceber o momento mais turbulento da história social e política dos últimos 50 anos.
Actualmente, apresenta, na RTP1, o programa de entrevistas «Primeira Pessoa», conversas intimistas com personalidades da vida pública portuguesa.
É Docente de Jornalismo na Universidade Lusófona, mantém, ao longo dos anos, participação cívica, como moderadora e oradora em fóruns universitários e em diferentes instituições sociais.
Em 10 de Junho de 2005 é-lhe atribuída, pelo Presidente da República Jorge Sampaio, a Comenda da Ordem de Mérito, e, em 2022, a Medalha de Mérito da Cidade do Porto, pelo seu trabalho jornalístico sobre a sociedade portuguesa.
Fátima Campos Ferreira nasceu em Lisboa, mas viveu a infância em Valença do Minho, aos 14 anos muda-se para o Porto com a família. É licenciada em História pela Faculdade de Letras do Porto e acrescenta ao seu currículo diferentes cadeiras do curso de História da Arte.
Começa a leccionar no Instituto de Preparação para a Universidade, da Universidade Livre. Ingressa no primeiro curso da Escola Superior de Jornalismo do Porto e completa a licenciatura.
Em 1986, inicialmente no âmbito do estágio curricular, e logo a seguir como profissional, começa a carreira de jornalista na RTP. Primeiro a Norte e, a partir do final de 1994, em Lisboa. Apresenta telejornais e participa em entrevistas, reportagens e operações especiais que marcam a história do País.
Durante dezoito anos coordena o debate «Prós e Contras». Semanalmente acolheu centenas de pessoas e cruzou ideias e argumentos, acompanhando a par e passo a complexidade social, económica, política, cultural e desportiva do País. O programa da RTP1 foi uma marca de serviço público na sociedade portuguesa.
David Lopes: “Um construtor de pontes”
David Lopes, fora da vida profissional de gestor, dedica-se ao gosto da cultura e literatura de autores com relevo. “Um construtor de pontes”, segundo Fátima Campos Ferreira em entrevista ao Estado com Arte Magazine em abril.
Dinamiza tertúlias culturais na Casa de Letras- beds&books, em Cabrela, no Alentejo, com parcerias com várias entidades culturais, neste espaço têm passado os maiores vultos da literatura nacional e internacional. Com uma vivência por motivos profissionais nos Estados Unidos, e no Japão conhece bem a cultura portuguesa no mundo.
É autor do livro “Uma varanda sobre Tóquio” da Avenida da Liberdade editores (2023), afirma que “quis escrever este livro, pois o Japão foi a minha experiência pessoal e profissional mais intensa e diferente. Quis escrever muito do que fui descobrindo todos os dias. Primeiro, era para ser um arrumador de memória e uma partilha com amigos e conhecidos, e depois foram eles que me disseram que estes retratos podiam chegar mais longe e criar um maior interesse comum entre leitores portugueses e japoneses, sobre uma história que tem também muito em comum.” Com duas verões, em português e japonês, reúne apontamentos das suas viagens pelo Japão.