Se é verdade que houve uma razia de lesões no plantel do Sporting, mais importante é entender o papel de um treinador numa equipa e o papel que tinha Rúben Amorim neste Sporting.
Hoje o novo treinador do Sporting, Rui Borges, terá o primeiro teste de fogo, dia 29 de dezembro, no dérbi contra o Benfica.
Este vai não ser um texto sobre futebol, mesmo que assim o pareça…
No início da época futebolística parecia quase uma certeza de que o Sporting tinha construído o melhor plantel por ter mantido as suas peças fulcrais da conquista do campeonato do ano anterior, por ter mantido o líder e por ter feito contratações cirúrgicas para as posições onde havia falta de alternativas.
Rúben Amorim tinha criado a equipa perfeita, os jogadores do Sporting entravam em campo com uma ideia de jogo definida e tudo corria conforme o previsto. Até quando não corria conforme o previsto, os jogadores, a equipa, conseguiam dar a volta. Os jogadores estavam motivados, estavam a jogar, a dar o seu melhor e a mostrar a sua melhor cara. Parecia que nada nem ninguém conseguiria impedir o bicampeonato do Sporting.
Mas depois, em menos de 1 mês e após a ida de Rúben Amorim para o Manchester City, João Pereira não conseguiu manter a equipa motivada e a jogar como até á saída do antigo treinador, ganhou 4 pontos em 12 possíveis e as exibições da equipa eram uma sombra do que eram há apenas 1 mês.
Será que a culpa é toda de João Pereira? Mas o que realmente aconteceu?
Se é verdade que houve uma razia de lesões no plantel do Sporting, mais importante é entender o papel de um treinador numa equipa e o papel que tinha Rúben Amorim neste Sporting.
A figura do treinador no futebol é fundamental para o sucesso de uma equipa. O treinador não é apenas responsável por definir táticas e estratégias, mas também por motivar, liderar e desenvolver os jogadores.
O treinador é o cérebro por trás das táticas e estratégias da equipa. Ele analisa os pontos fortes e fracos da sua própria equipa e dos adversários para formular planos de jogo eficazes.
Um bom treinador trabalha no desenvolvimento técnico, tático, físico e mental dos jogadores. Ele ajuda os jogadores a alcançar o seu potencial máximo, tanto individualmente quanto coletivamente.
O treinador é um líder e motivador. Ele mantém a moral da equipa alta, mesmo em momentos difíceis, e inspira os jogadores a darem o seu melhor em campo.
A comunicação eficaz é crucial. O treinador deve ser capaz de transmitir suas ideias de forma clara e eficaz, tanto para os jogadores quanto para a equipa técnica e a direção do clube.
O treinador também atua como mediador, resolvendo conflitos internos e garantindo que a equipa funcione como uma unidade coesa.
Então, tendo em conta estes aspetos, como é que Rúben Amorim conquistou o sucesso no Sporting?
Amorim implementou um sistema tático com três defesas centrais, alas muito subidos e um meio-campo dinâmico. Esta formação permitiu ao Sporting ter solidez defensiva e, ao mesmo tempo, criar muitas oportunidades de golo através dos seus alas e da qualidade dos seus médios. Este sistema tornou-se uma imagem de marca do Sporting de Amorim.
Embora o 3-4-3 (ou variações como o 3-5-2) fosse a sua formação principal, Amorim demonstrou capacidade para adaptar a sua tática consoante o adversário, mostrando inteligência e leitura de jogo.
Mas estes não foram os pontos mais importantes, onde Amorim realmente se diferenciou foi noutros pormenores:
Amorim deu oportunidades a jovens jogadores da formação do Sporting, como Nuno Mendes, Gonçalo Inácio e Tiago Tomás, integrando-os na equipa principal e potenciando o seu talento. Esta aposta na formação foi crucial para o sucesso desportivo e financeiro do clube.
Amorim também conseguiu recuperar o melhor nível de jogadores que estavam em baixa forma ou com menor rendimento, como foi o caso de João Mário e Pedro Gonçalves (Pote). Amorim criou um forte espírito de equipa e união no balneário, transmitindo confiança e motivação aos jogadores.
A sua liderança e a maneira como motivava os jogadores fazem de Amorim mais que um treinador, um líder Único:
Amorim demonstrou uma liderança calma, mas firme, transmitindo confiança aos jogadores e à estrutura do clube.
A sua comunicação com os jogadores e com a comunicação social é clara e direta, evitando polémicas e focando-se no trabalho.
Em resumo, o sucesso de Rúben Amorim no Sporting deveu-se a uma combinação de fatores, incluindo a sua abordagem tática inovadora, a excelente gestão de equipa, o desenvolvimento de jovens talentos, a sua liderança tranquila e assertiva e, claro, a conquista de títulos importantes. O seu trabalho marcou uma era no Sporting, revitalizando o clube e devolvendo-o aos lugares cimeiros do futebol português.
Mas estando João Pereira já na equipa B do Sporting, como que a ser preparado para ser o sucessor natural de Amorim, o que correu mal?
Vários fatores podem ter contribuído para as dificuldades encontradas por João Pereira no Sporting:
Substituir um treinador tão bem-sucedido como Rúben Amorim, que conquistou títulos importantes e implementou um estilo de jogo característico, seria sempre uma tarefa difícil. A comparação constante com o trabalho anterior e a pressão para manter o mesmo nível de resultados podem ter pesado sobre João Pereira.
Embora seja importante que um treinador imprima a sua própria identidade, mudanças bruscas num sistema que vinha funcionando bem podem gerar instabilidade. Aparentemente, João Pereira terá tentado introduzir algumas alterações táticas que não surtiram o efeito desejado, perturbando a dinâmica da equipa. Algumas fontes sugerem que “era preciso não mexer no trabalho deixado por Amorim”.
Coincidentemente com a sua chegada, o Sporting enfrentou uma série de lesões de jogadores importantes, o que dificultou a consistência da equipa e a implementação das suas ideias. Esta situação adversa, que Amorim raramente enfrentou com esta intensidade, prejudicou o rendimento da equipa.
João Pereira tinha experiência como adjunto, mas esta foi a sua primeira grande oportunidade como treinador principal. A gestão de um clube com a dimensão do Sporting exige uma experiência que ele ainda não possuía, o que pode ter influenciado algumas decisões e a forma como lidou com a pressão.
Mas o que realmente levou o Sportng a perder o Norte, foi a perda do seu líder. A perda do líder que tinha um projeto, uma ideia, que construiu uma equipa à sua volta. Quando se perde o timoneiro da equipa, ainda para mais um líder tao carismático e influente o sucessor tem um difícil caminho. É um presente envenenado.
Rúben Amorim demonstra um estilo de liderança que combina comunicação eficaz, humildade, confiança, gestão de balneário, aposta nos jovens e foco no trabalho em equipa. Estas características contribuíram para o seu sucesso como treinador e para a criação de um ambiente positivo e produtivo nas equipas que liderou.
É importante notar que a liderança é um conceito complexo e multifacetado, e que diferentes líderes podem apresentar diferentes estilos e características. No caso de Rúben Amorim, o seu estilo parece ser particularmente eficaz no contexto do futebol, onde a gestão de um grupo de jogadores com diferentes personalidades e origens é fundamental para o sucesso.
Entretanto já há novo treinador no Sporting, Rui Borges, Mirandês de gema que tem o seu primeiro teste como treinador num grande do futebol Português.
Como novo líder da equipa tem-se a destacar:
Ênfase na Agressividade e Intensidade: Rui Borges tem transmitido a ideia de querer uma equipa “mais agressiva com e sem bola, mais pressionante e a procurar sempre a baliza”. Isto sugere uma liderança que valoriza a intensidade, a atitude proativa e um futebol ofensivo.
Valorização do Coletivo: Apesar de reconhecer a qualidade individual dos jogadores, Rui Borges tem destacado a importância de “juntar todas as peças para que o coletivo se faça ver”. Isto indica uma liderança que prioriza o trabalho em equipa e a coesão do grupo.
Continuidade com Adaptação: Rui Borges parece reconhecer o bom trabalho realizado anteriormente, nomeadamente por Rúben Amorim, e não pretende fazer mudanças radicais de imediato. No entanto, também afirma que tem a sua própria “liderança” e “forma de ser e estar”, o que sugere uma abordagem de continuidade com adaptações graduais. Não pretende “imitar” os seus antecessores.
Comunicação Direta e Foco no Trabalho: Pelas suas declarações, Rui Borges demonstra uma postura direta e focada no trabalho diário. Evita comparações com outros treinadores e centra-se naquilo que pode controlar: o plantel e o dia a dia.
Atenção ao Estado Emocional dos Jogadores: Há relatos de que Rui Borges priorizou uma conversa com o plantel “de forma a tentar mexer no estado emocional dos jogadores”. Isto sugere uma liderança que se preocupa com o bem-estar mental e a motivação da equipa.
Pragmatismo: Rui Borges pediu uma equipa “mais pragmática no ataque”, o que indica uma liderança que valoriza a eficácia e a concretização de objetivos.
Adaptação ao Contexto: A sua carreira demonstra uma capacidade de adaptação a diferentes contextos competitivos, o que pode ser uma mais-valia no Sporting.
É importante realçar que estas são apenas as primeiras impressões. O estilo de liderança de Rui Borges irá se consolidar e tornar mais evidente com o tempo, à medida que ele trabalhar com a equipa e enfrentar os desafios da competição.
Em comparação com Rúben Amorim, algumas diferenças parecem emergir, embora seja crucial evitar comparações diretas:
Ênfase na Intensidade vs. Equilíbrio: Enquanto Amorim parecia priorizar um equilíbrio entre organização defensiva e criatividade ofensiva, Rui Borges parece dar maior ênfase à intensidade e à agressividade, especialmente no ataque.
Continuidade com Adaptações vs. Implementação de um Sistema: Amorim implementou um sistema tático muito específico (3 centrais) que se tornou uma marca do Sporting. Rui Borges parece optar por uma abordagem de continuidade com adaptações, o que pode indicar uma maior flexibilidade tática.
No entanto, ambas as lideranças parecem partilhar alguns aspetos, como a valorização do coletivo, a comunicação direta e o foco no trabalho.
Em resumo, o estilo de liderança de Rui Borges parece caracterizar-se por uma combinação de intensidade, pragmatismo, valorização do coletivo, preocupação com o estado emocional dos jogadores e uma abordagem de continuidade com adaptações. O tempo dirá como este estilo se traduzirá em resultados e qual o seu impacto no Sporting e o primeiro teste será já um teste de fogo, no dia 29 de dezembro no dérbi contra o Benfica.
Ser treinador de uma grande equipa de futebol apresenta os mesmos desafios que ser o CEO de uma grande empresa… ou de uma PME, porque realmente ser líder e uma liderança eficaz são essenciais nas organizações da nossa sociedade sejam elas grandes ou pequenas. Até nas nossas famílias. Porque ser um líder também é saber inspirar e guiar. É saber motivar e potenciar ao máximo quem nos rodeia. E por isso é tão interessante entender e estudar diferentes tipos de liderança para transportarmos para a nossa vida tudo o que possamos aprender, pois nós somos os líderes da nossa vida.